Relógio

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

"Houve contato direto entre promotora e perito", diz advogado de Thor após suspensão de processo


O advogado Celso Vilardi, que atua junto com o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, na defesa do empresário Thor Batista, 21, acusado de homicídio culposo (sem intenção de matar), afirmou nesta sexta-feira (11) que "houve contato direto" entre o Ministério Público e o perito do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) Hélio Martins Júnior, responsável pelo laudo que indica que o réu dirigia a 135 km/h quando atropelou o ciclista Wanderson Pereira dos Santos, 30, na rodovia Washinton Luiz (BR-040), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense --o limite da via é de 110 km/h.
Thor Batista (à esq.), 20, filho de Eike Batista, acompanhado da mãe, Luma de Oliveira
Thor Batista (à esq.), 20, filho de Eike Batista,
acompanhado da mãe, Luma de Oliveira
"O problema é que houve um contato direto entre a promotora e o perito. (...) Eles [Ministério Público] já tinham esses dados e, como não tivemos acesso, nossos assistentes não puderam contradizer. Não seria válido", afirmou Vilardi.
Nesta sexta-feira (11), a Justiça oficializou uma liminar concedida pela 5ª Câmara Criminal que suspende temporariamente o processo por homicídio culposo. Na versão do advogado, a decisão é válida até o julgamento do pedido de habeas corpus protocolado pela defesa, que deve ocorrer nos próximos 30 dias.
A defesa de Thor Batista, filho do bilionário Eike Batista e da ex-modelo Luma de Oliveira, questiona a metodologia utilizada pelo perito da Polícia Civil do Rio para aferir a velocidade da Mercedes-Benz SLR McLaren conduzida pelo jovem no momento do acidente.
"Independentemente do contato com o MP, há o fato de que esse documento foi entregue no último momento do processo. Questionamos os cálculos que o perito fez para chegar a essa velocidade", explicou Vilardi.



Foto 4 de 6 - Eike Batista, pai de Thor, faz declaração sobre a morte do ciclista Wanderson Pereira dos Santos, 30, que foi atropelado pelo filho no último sábado (17), na rodovia Washington Luís (BR-040), na Baixada Fluminense. Eike diz que "ele (Thor) foi exemplar! E graças a Deus não bebe"Mais Lula Marques/Folha imagem
De acordo com o advogado, ao julgar o pedido de habeas corpus, a Justiça avaliará se o laudo é efetivamente válido --até lá a consultoria pericial contratada pela defesa terá tempo de avaliar os cálculos-- ou se vai manter a decisão favorável ao filho de Eike Batista. Na versão dos representantes do réu, Thor dirigia com velocidade inferior a 110 km/h.

Liminar

A 5ª Câmara Criminal do Rio de Janeiro concedeu uma liminar (decisão provisória) nesta sexta-feira (11) que suspende o processo por homicídio culposo (sem intenção de matar) ao qual responde o empresário Thor Batista, 21, filho do bilionário Eike Batista.
Segundo o texto da liminar deferida pelo desembargador Antônio Carlos Bitencourt, a defesa de Thor "tem razão" em alegar comprometimento do "exercício da ampla defesa", já que houve, na visão do magistrado, violação ao direito à prova e contraprova.

O atropelamento

Wanderson Pereira dos Santos, 30, atravessava um trecho da rodovia Washington Luís empurrando uma bicicleta quando foi atingido pelo veículo conduzido pelo réu, que dirigia a 135 km/h --o limite de velocidade da via é de 110 km/h. Santos morreu na hora.
O Ministério Público denunciou Thor à Justiça no dia 16 de maio deste ano. Caso condenado, o empresário poderá cumprir de dois a quatro anos de prisão em regime semiaberto ou aberto. A denúncia foi assinada pelo promotor Marcus de Sá Siqueira, da 6ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal de Duque de Caxias.

Foto 12 de 13 - 17.mar.2012 - Thor Batista, 20, filho do empresário Eike Batista com a ex-modelo Luma de Oliveira, se envolveu em um acidente de trânsito que casou a morte do ciclista Wanderson Pereira dos Santos. Thor dirigia o carro Mercedes-Benz SLR a 135 km/h, segundo laudo da perícia divulgado pela Polícia Civil. A velocidade máxima permitida na rodovia é de 110 km/h Nicson Olivier/Folhapress
Os advogados de Thor contestam a perícia e argumentam que, segundo laudo particular, o carro estava trafegando com velocidade entre 87,1 km/h e 104,4 km/h.
Ainda de acordo com a denúncia do MP, Thor ultrapassou um ônibus da empresa Única Fácil, da linha Petrópolis-Nova Iguaçu, pela faixa da direita e, em seguida, momentos antes de atingir a vítima, repetiu a manobra irregular ao ultrapassar outro carro, identificado como um Ford Fiesta.
O MP pediu também em maio a suspensão da habilitação de motorista de Thor, medida que foi atendida. Mas já em julho Thor recuperou a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) depois de ter impetrado um mandado de segurança aceito pela Justiça. Ele teve ainda que participar de um curso de reciclagem para motoristas infratores.
Segundo o TJ-RJ, o desembargador Antônio Carlos dos Santos Bittencourt argumentou que "a regra de que a suspensão ou proibição de dirigir seja admitida como penalidade deve decorrer da sentença condenatória", isto é, a CNH  não poderia ter sido cassada antes que o réu fosse o julgado, na visão do magistrado.
Na denúncia criminal, o MP ressalta que Thor possuía 11 onze infrações de trânsito, sendo que nove por excesso de velocidade.
Segundo o texto da denúncia a análise das infrações tornava possível "concluir que o denunciado [Thor Batista] faz do excesso de velocidade uma constante quando na direção de veículo automotor, mostrando-se pessoa, pelo menos até o presente momento, que não tem necessária responsabilidade para a prática de tal atividade, em virtude do contumaz desrespeito às normas de segurança do trânsito".


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