Relógio

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Milton Neves diz que tirou Renata Fan da sarjeta e lembra briga com Avallone



Crédito: Site Terceiro Tempo
Criador de apelidos que viraram marca de muitos jornalistas e idealizador de históricas brincadeiras ao vivo na TV, Milton Neves foi sinônimo de humor com informação durante muitos anos nos programas esportivos na hora do almoço.
Atualmente apresenta aos finais de semana o pós jogo na Bandeirantes com o Terceiro Tempo. No programa, mantém o estilo e abusa das piadas com os ex-jogadores Neto, Denilson e Edmundo. E diz que estar longe da tela diariamente ao meio dia não o faz se sentir mais distante dos telespectadores. “O top do top nofutebol é o pós jogo”, falou.
Em entrevista de aproximadamente duas horas ao UOL Esporte em um jantar em uma churrascaria de São Paulo, o apresentador contou histórias e opinou sobre como anda o esporte na TV.
Milton Neves não evitou polêmicas  ao falar sobre âncoras de programas esportivos de hoje que deu oportunidade. “Isso aí pode colocar, é a mais pura verdade. Pode colocar”, falou, em um de seus comentários ácidos. “Não estão sabendo tirar do Morsa na TV. Está sem graça.”
Um dos personagens que mais renderam falas foi Renata Fan, que o apresentador conta como bancou perante a desconfiança de alguns diretores de TV. Não economizou palavras e contou que a insistência em bancar o talento da apresentadora fez diretores da Record acharem que tinha até um caso com a loira.
Mas reiterava sempre a seriedade e fineza da gaúcha e que apenas entendia que ela tinha grande potencial para brilhar. Milton deixa transparecer todo seu orgulho pela “descoberta”, mas gosta de ser reverenciado pelo feito. “Ela deveria ser mais (grata)”, disse à reportagem quando ouviu que Fan já dissera ter toda consideração e respeito ao “descobridor” por seu sucesso.
Também falou de antigas rusgas com o comentarista Roberto Avallone e o narrador Silvio Luiz. Sobre o primeiro, disse ainda ser seu amigo. O segundo, fez elogios como profissional, mas questionou seu temperamento azedo e que o levou a ficar escondido na profissão, segundo Neves.
O apresentador diz que foi um dos idealizadores do modelo divertido que é feito até pela TV Globo com o formado de apresentação do Globo Esporte.
Diz que a ideia de se fazer esse formato partiu de um de seus filhos durante os tempos de TV Bandeirantes. E que depois se transferiu para a TV Record, na década de 2000, quando marcou época com o programa Debate Bola, marcado por brincadeiras como caixões para enterrar times derrotados.
“Meu filho Rafael, formado em publicidade, falou ´pai, vocês estão cagando regra demais lá e na hora errada. Na hora do almoço é molecada adolescente. Está muito sério aquilo, tem que brincar mais”, contou. “Aí comecei a chamar o Roberto Benevides de Coruja. Aí começamos a brincar com o nariz do Alberto Helena Junior. O  Ricardo Capriotti virou Girafa, começamos a falar da peruca do Mauro Beting e chamamos o Cacá Rossett como humorista. O programa subiu muito de audiência”, continuou.
Chegou a chorar quando lembrou ter sido chamado de “enciclopédia” pelo ex-lateral Nilton Santos.
“Toda vez que eu falo sobre isso eu choro. Ser chamado assim por um cara como Nilton Santos. E ele sofre de Alzheimer, mesma doença que minha mãe teve”, falou, emocionado. “Falam que eu sou merchan, que isso, que aquilo, mas sou um cara que sei que não tem preço ajudar as pessoas como eu ajudo”, falou, em outro momento da entrevista.
UOL Esporte: Como está o dia a dia com o futebol na TV longe dos programas da hora do almoço? Sente falta?
Milton Neves: O top do top no futebol é o pós jogo. Todo domingo estou lá na Band fazendo o Terceiro Tempo e estou muito feliz. Tenho uma exposição muito boa e maravilhosa na Bandeirantes. E estou com cinco rádios na Bandeirantes. Hoje eu trabalho muito pouco em relação ao que trabalhei na Rádio Jovem Pan. Hoje sou um sujeito que trabalha menos do que eu já trabalhei. E não estou na hora do almoço por opção da Bandeirantes.

UOL Esporte: Você se considera o pioneiro no estilo divertido e despojado em programas esportivos na TV?
 
Milton Neves: O Debate Bola não nasceu na Record, ele nasceu em 99 no Esporte Total Debate da Band, na hora do almoço. Eu era um cara muito duro, dava muita porrada e levei para a TV esse estilo.  Meu filho Rafael, formado em publicidade, falou ´pai, vocês estão cagando regra demais lá e na hora errada. Na hora do almoço é molecada adolescente que assiste. Está muito sério aquilo, tem que brincar mais´. Aí comecei a chamar o Roberto Benevides de coruja. Aí começamos a brincar com o nariz do Alberto Helena Junior. O Ricardo Capriotti virou girafa, começamos a falar da peruca do Mauro Beting e chamamos o Cacá Rossett como humorista. O programa subiu muito de audiência. O Debate Bola foi um estrondoso sucesso com ibopes que até hoje a Record não dá no horário. O Thiago Leifert é um cara que nunca vi pessoalmente, mas eu tenho profunda admiração pelo rapaz. O Leifert é um filhote do Debate Bola, da Record. Ele fez tudo aquilo baseado no bom espírito esportivo, humorístico e juvenil. Conseguiu levar essa informalidade, alegria e brincadeiras para a seríssima Rede Globo de TV. Esse cara é um herói. Mas o Debate Bola já tinha provocado isso na TV. Nosso Ibope era muito alto.
UOL Esporte: Você acha então que de certa forma inspirou o estilo de Leifert na Globo?
Milton Neves: O Debate Bola fez o Globo Esporte mudar. O Leifert propôs um misto de Debate Bola e Esporte Total Debate e com convidados. A palavra ´apito amigo´, por exemplo, foi criação minha. E o Tiago Leifert usa isso. E tenho profunda admiração por esse menino.
UOL Esporte: Você a todo tempo diz que deu oportunidade para muitas pessoas na TV. Lembra todo mundo que foi cria sua?
Milton Neves: Levei Cacá Rosset, Daniela Freitas, Oscar Roberto Godoy, que estava desempregado, Eduardo Savoia também foi eu que inventei. Juarez Soares estava totalmente desempregado e o Paulo Morsa quem inventou na TV foi eu. Inventei o Morsa e o apelido dele. Neto também é invenção minha. Ele estava desempregado, coitado, gordo lá em Campinas.  Eu falava pros diretores da Record pra convidar ele para os programas. Ele tentou ser técnico, dirigente de futebol. A gente convidava sete, oito jogadores por domingo no Terceiro Tempo (na Record). O Neto estava fodido em Campinas. E o Terceiro Tempo pagava R$ 2 mil pra cada um.  O Neto me ligava numa sexta-feira da vida…e eu falava ´põe o Neto, coloca ele´ Tirávamos um jogador pra colocar ele. Esse eu tirei da sarjeta mesmo. Mas ele era bom. Ele sempre foi muito leal esse cara. Eu já via que ele era bom e queria tirar o melhor.
UOL Esporte: O Paulo Morsa chegou a participar como convidado do Debate Bola…
Milton Neves:  Pois é, levaram o Morsa outro dia lá na TV e não teve graça nenhuma. Tem que saber tirar do Morsa. Não souberam cuidar do Paulo Morsa.
UOL Esporte: A  Renata Fan foi descoberta por você também?
Milton Neves:  Renata Fan, pô! A Renata Fan tem o seguinte. Tinha um diretor na Record que perguntava pra mim ´está saindo com ela?´ E eu falava ´que isso, essa moça tem respeito, ela é minha filha, minha irmã, sempre gostei muito dela´. Ela foi a maior amiga que tive na TV. Levei ela pra Rede Mulher e a treinei. E um diretor da Record falava ´Milton Neves, você deve estar interessado nessa mulher. Ela não tem voz, usa cabelo e vestidos dos anos 60 dos Estados Unidos. Parece cantora cubana´. Tinha um diretor e um bispo que falavam isso. Sempre falei que ela era uma mulher muito culta. E ela sempre foi uma mulher fina, de berço, educada. Eu brigava na Record para darem uma chance pra ela. Todos programas que eu fui e tinha colocava ela. E ,quando tive chance de ir pra Bandeirantes novamente, eu falava ´contrata, essa vale a pena, leva ela´. Ela foi minha irmã durante cinco anos, mas faz cinco anos que eu não a vejo. Hoje estamos distantes, eu faço programa à noite enquanto ela está na hora do almoço.
UOL Esporte: Ela já falou em entrevistas que é muito grata a todas as oportunidades que você deu e que valoriza muito isso.
UOL Esporte: Deveria ser mais (grata). Mas tenho orgulho porque acertei. Essa eu tirei da sarjeta mesmo. A primeira vez que eu a vi, ela não parava de falar. Uma magrela que não parava de falar. Um dia (do teste dela) antes tinham mandado a Daniela Freitas embora. Ia ter teste para nova ´Miltete´. Falei ´bota essa magrela aí, ela não para de falar´. Nunca vou me esquecer. Ela fez um teste lá e o bispo falou ´pode colocar´
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